Fábio Faria diz que não é candidato a prefeito de Natal
Deputado federal conta sobre seu amadurecimento político, comenta sobre Copa do Mundo em Natal e o uso do twitter.
Por David Freire e Marília Rocha
Foto: Elpídio Júnior
Recém cirurgiado do ombro, mas com planos na política para os próximos dois anos, o deputado federal Fábio Faria (PMN) concedeu entrevista ao Nominuto esta semana. Animado com os novos planos do partido e com o amadurecimento político, Fábio falou sobre Copa do Mundo em 2014 no Brasil e no Estado, especulações em torno do seu nome para a Prefeitura de Natal, twitter e ainda sobre a liderança do PMN na Câmara e no Rio Grande do Norte.
Nominuto – Vamos começar falando um pouco do seu segundo mandato. O que muda para você e no planejamento do mandato?
Fábio Faria – Muda muito. Não diria que é um mundo novo, mas no primeiro mandato você chega em Brasília e vai conhecer a Câmara, como funciona o movimento da Casa, as Comissões, o Regimento, como é a questão da liberação das emendas, dos dispositivos, a parte burocrática, a relação com os Ministérios, aprende os trâmites, se tem condições de liberar o projeto ou não. Então, no segundo mandato, você já aprendeu isso tudo e fora isso, tem o ítem continuidade. Por exemplo, a média de liberação dos projetos na Câmara dos Deputados é de nove anos. Então, eu tenho 33 Projetos de Lei que fiz na legislatura anterior. Estes projetos estão em várias Comissões, em diversos relatores e então, você tem que acompanhar e ver se o relator redigiu ou não. Se mudar relatoria, você tem que conversar com o novo relator. Quando muda o relator é complicado. Eu já conversei com todos que estavam com meus projetos, mas tem que ver se todos eles se reelegeram. Normalmente vai para a comissão, depois para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e volta para a Comissão. O caminho é demorado.
No segundo mandato, tem projetos que estão próximos de irem para o plenário, como a Frente Parlamentar de Combate ao Crack, que sou presidente, mas vou ter que colher novamente 46 assinaturas para validar o projeto. Mas é uma questão de continuação: hoje eu faço parte do Comitê de Enfrentamento ao Crack com identificação e habilitação das clínicas. A identificação eu já fiz, que são seis mil e duzentas clínicas e agora, falta a habilitação das clínicas para receber recursos federais, então, fica mais fácil para o legislador. É muito mais fácil (no segundo mandato), porque fui coordenador da bancada durante três anos e meio, aprendi como se faz a liberação de emendas coletivas e individuais. Fui um ano e meio líder do partido onde participei de reuniões com Ministros e reunião de líderes, colegiado de líderes... Eu estava lembrando como eu entrei em 2007 e como eu vejo hoje a Câmara: é outra visão. Eu agora já conheço e a diferença é essa. Eu tenho certeza que agora eu sou mais amadurecido, mais experiente.
Nominuto - Quais os planos de Fábio Faria para este ano?
Fábio Faria - Eu vou focar muito a frente parlamentar de Combate ao Crack. Quero trazer a campanha para o Rio Grande do Norte, para vários municípios, fazer integrado com meu trabalho a nível nacional. A deficiência grande que temos no trabalho é a pesquisa atualizada, mas estão terminando uma agora, em 2011. Mas independente disso, eu quero fazer um trabalho de divulgação, de prevenção na cidades do interior e aqui em Natal. Estou me associando a uma clínica em Extremoz só de dependente de crack, um trabalho belíssimo que eles têm lá.
O outro plano é na liderança do partido: meu nome foi escolhido como líder do partido (PMN) na última convenção e mais uma vez os deputados me colocaram como líder. Esse é um trabalho importante e que exige muito porque todos os projetos importantes da Câmara passam pelo colegiado de líderes. Então, você tem que se aprofundar em todos os assuntos para quando for abordado na mesa saber dizer como está o projeto. Se é constitucional e saber se está pronto para ser aplicado. Cito a PEC 300 e a Reforma Política como prioridade do partido. O povo não aceita mais essa legislação política. É praticamente consenso que serão eleitos os que tiverem mais votos e, a partir disso, acabam-se as coligações e o Supremo (Tribunal Federal) já decidiu que o mandato é dos partidos.
Nominuto – Sobre reforma política, como o senhor avalia a questão da escolha do suplente da coligação ou do partido?
Fábio Faria - É muito injusto. Um deputado do Rio de Janeiro se elegeu com 12 mil votos e um com 150 mil votos não conseguiu entrar. Isso é injusto: os eleitores queriam o outro e ele não entrou, então mostra que o voto deve ser majoritário. Eu sou contra mudar as regras do jogo com o jogo acontecendo. Para a próxima (eleição), tudo bem. Mas, na minha opinião, ninguém tem culpa se o primeiro suplente da coligação vai assumir e não tem culpa se a regra era essa. Mas se a regra fosse outra, eu teria – o partido – teria lançado outro candidato (do PMN) porque ele com dois votos, seria o primeiro suplente. Se a regra já existisse, teriam mais candidatos nas eleições. Na minha visão, eu acho que o mandato pertence ao partido, mas hoje, do jeito que está, o mandato pertence a coligação.
Nominuto – Comentários, notícias sobre perda da Copa. Porque se fala tanto que Natal não será sede da Copa do Mundo em 2014?
Fábio Faria - Eu acho, primeiro, porque nós perdemos todos os prazos e a população com as redes sociais, o twitter, blogs, sites, facebook, consegue movimentação de pequenos grupos e ganham proproção. Primeiro, a revolta de alguns por termos perdidos os prazos. Natal é a última cidade (da lista do Brasil) e perdeu (os prazos) porque faltou um comitê gestor mais organizado. Perdeu (os prazos) porque o comitê não funcionou. Natal é uma cidade turística, com uma rede hoteleira com mais de vinte e quatro mil leitos, temos o aeroporto de São Gonçalo que será o maior do mundo, estamos localizados na esquina do continente, perto da Europa, perto da África, perto dos Estados Unidos. Nós estamos em um dos estados que mais cresce no Brasil e quem não teria interesse de entrar?
Agora, lógico que se você não tem clubes de futebol fortes como é o caso do Ceará e de Pernambuco, se o governo não faz contrapartida, lógico que ninguém quer investir para não virar um elefante branco. Teria que ter mais diálogo, diminuir o valor acentuado do projeto, dos custos, retirar a parte da cobertura (se fosse preciso) para reduzir e o projeto ser mais enxuto. Mas agora, a governadora Rosalba reabriu o diálogo com as empresas (com contrapartida) e as empresas estão interessadas em construir o estádio aqui.
Nominuto - E o que faltou no Comitê Gestor? Foi falta de articulação com as empresas ou má vontade política?
Fábio Faria – Eu acho que a Copa do Mundo em Natal não foi colocada como pedra fundamental. Acho que um grupo de trabalho para a Copa tem que fazer só Copa. Não adianta você ser secretario de outra coisa e da Copa. Acho que o comitê passado falhou muito: você não pode abrir os envelopes e anunciar uma licitação vazia. Você tem que conversar com as empresas pra que elas digam que não estão seguras em investir e o governo então, dá a solução. Então, eu acho que falhou muito nisso aí.
Mas eu não consigo ver Natal sem esta Copa porque eu acho que temos boa vontade do governo do Estado e boa vontade da CBF. O problema ai, agora é a Fifa. Vamos ver até onde o elástico vai.
Nominuto – Falando um pouco mais sobre Copa. O senhor falou na questão de acumular cargos, focar só na Copa e Demétrios Torres, secretário da Copa, é diretor também do DER. Não há problema em relação aos possíveis erros?
Fábio Faria – Demétrio está desenvolvendo um excelente trabalho e ele está focado na Copa. Ele entrou com a missão de resolver a Copa. Eu acho que a prioridade dele é a Copa e ele está tendo bom trânsito com as empresas para isso, ele foi buscar novos projetos. Eu acho que o governo passado teve um erro que foi confiar muito no projeto. Não é nada com o projeto em si (até porque ele é um espetáculo), mas o problema é que você (o governo) tem que adaptar ele a realidade local. Uma coisa é a beleza do projeto outra coisa é o local. Não se faz um projeto para derrubar secretarias, pra que o aterro? Para que elevar a seis metros de altura? Para que aquela cobertura? Se fosse em São Paulo, tudo bem, mas estamos falando daqui. Um empresário não quer investir R$ 300 milhões e não ter retorno. Estou falando em se adequar. Deveria ter sentado com a equipe e resolver. Faltou diálogo. Foi uma coisa no período de campanha onde o foco eram as eleições. Mas eu acho que não vamos chegar a Copa culpando que não fez e vamos conseguir.
O outro ponto de “Por que Natal vai perder a Copa?” são as pessoas torcendo contra, dizendo que Natal não será sede. Torcem contra pra quando perder, elas reclamarem mais. Eu não consigo achar uma pessoa que diga que a Copa não será boa para Natal.
As pessoas comentam os erros e esquecem que a regra do jogo era essa: naquele local (no Machadão) e daquele jeito. E ainda vai ter gente que torcem contra só pra dizer: “Tá vendo, eu não disse que íamos perder a Copa?” torcendo contra, mas isso é normal. Vamos trabalhar e sempre mostrar os benefícios.
Nominuto – Mudando de assunto. Recentemente, a sua ex-namorada Sabrina Sato declarou em entrevista que o senhor será candidato a prefeito de Natal. Quais são seus planos em 2012?
Fábio Faria - Eu não sou candidato a nada. Eu estou muito motivado para o meu mandato. Agora, eu acho que todos os partidos irão sentar a mesa para definir quem serão os candidatos e eu vou fazer um mandato (como presidente do PMN) e iremos abrir o campo do diálogo dentro do partido. Mas atá agora, no nosso partido, sinceramente, não sentamos para conversar sobre isso, é muito precicpitado. Primeiro que ninguém deve se lançar a candidato. Acho que temos que colocar o nome à disposição, mas eu acho muito precoce para falarmos disso.
Vamos ter as convenções em junho do ano que vem e esse assunto é muito precipitado. Eu estou trabalhando no meu mandato. Mas eu sempre aceitei desafios na minha vida: fui atleta profissional em campeonatos, comecei a trabalhar com 18 anos, montei meu próprio negócio, uma lanchonete que vendia cachorro quente na faculdade. Eu nunca me envergonhei disso. Montei a minha própria academia e quando fui convocado pelos prefeitos para ser deputado federal. Então, eu nunca direi que “não vou ser” mas agora, eu vou para o mandato.
Nominuto – E o que motivou Sabrina Sato a falar isso?
Fábio Faria - Eu acho que não foi isso que ela falou. Dentro de uma série de fatos do que ela falou retira ali e coloca como quer. E depois disso, acho que uma mentira contada diversas vezes passa a ser uma verdade.
Nominuto – Quais são os planos para o PMN este ano e no próximo?
Fábio Faria - O PMN terá candidatos a prefeito e vice-prefeito em quase todas as cidades. Em 2010, tivemos a questão da divisão do PMN e do PP, questão partidária, e hoje consigo entender a força do partido. Quero abrir este diálogo. Hoje eu e o vice-governador Robinson Faria vamos focar muito nisso. Acho que vamos fazer 30 prefeitos. Porque se você for ver os nossos prefeitos votaram em Rosalba e outros em Iberê.
Nominuto – Como é o convívio político familiar que o senhor tem com seu pai, o vice-governador Robinson Faria? Como essa convivência lhe ajudou na política?
Fábio Faria - Eu converso com meu pai diariamente. Nossa relação é muito política. Ele vive e respira política diariamente. Tudo que tenho na política, eu devo a ele. Eu não faço absolutamente nada sem conversar com ele, que conversa quase tudo comigo. E hoje estamos debatendo muito, conversando todos os dias sobre política. O grupo é muito grande, temos que conversar sobre todo o partido.
Nominuto – Você é um dos políticos que mais participa da rede social do twitter. Como o senhor vê essa movimentação política na rede social?
Fábio Faria – Eu vejo que hoje o twitter desnudou todo mundo. O twitter me ajudou muito. Antigamente existia na rede de boataria. Se você solta um boato a vítima não tem como se defender e com o twitter você tem a sua voz. Essa questão de faltas na Câmara não existe mais. É só olhar a agenda no twitter e ver os compromissos do dia. O twitter ajudou muito nisso, mas o problema é como será o futuro da rede. Eu vejo muita gente fazendo merchandising de hotel, restaurante, acho que será criada uma bolha ou logo, logo essas pessoas ficarem isoladas, como foi o caso do twitter de Ronaldo Fenomeno com a Claro Ronaldo.
O limite do twitter é com o reply. Tem gente que coloca coisas sem importância, tipo: “indo almoçar”, quem quer saber? Acho que o twitter é bom para conhecer pessoas, debater assuntos e interagir. Por exemplo, um apagão em Ponta Negra pode ajudar muita gente a se proteger e desviar do local. O twitter faz as pessoas mostrarem a sua cara, quem realmente são.
O segredo do twitter é saber que tem um repique. Uma vez eu fiz um comentário que foi replicado um milhão de vezes por pessoas que tem mil seguidores, outras tem cinco mil e assim, vai. No meu caso, em relação ao trabalho, a questão do combate às drogas começou via twitter, no twitter debate. Ele me ajudou muito a escutar as pessoas e de certa forma, ajuda as pessoas a nos conhecerem mais.
Fonte: nominuto.com