terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Rosalba aponta desmandos nas finanças


A governadora Rosalba Ciarlini assumiu o comando do Rio Grande do Norte anunciando um levantamento para verificar “danos” às finanças do Estados e prometendo total transparência os gastos do Governo. Ela afirmou que serão disponibilizados no portal da Transparência todos os gastos e pagamentos da administração. No primeiro pronunciamento como chefe do Executivo ela não poupou críticas ao antecessor Iberê Ferreira.

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transmissão do cargo, governadora prometeu retomar metas do 
desenvolvimento no RNDiante do público que foi à transmissão do cargo, governadora prometeu retomar metas do desenvolvimento no RN
“Iniciaremos o novo Governo com a triste tarefa, que pensávamos coisa do passado, de verificar o dano causado à saúde financeira do Estado, com propósito de nocivo comprometimento da futura Administração. Será este, entretanto, o primeiro momento de mostrarmos a mais total transparência, informando à sociedade o prejuízo que lhe foi causado, e apontando-lhe todos os responsáveis”, destacou a governadora.

No longo discurso que fez no Teatro Alberto Maranhão ela acusou, sem citar diretamente, a administração de Iberê de ter provocado um “desmando orçamentário”. “Aqui e agora, porém, não posso deixar de registrar e compartilhar com a sociedade minha mais profunda e justificada preocupação sobre a desordem orçamentária e descontrole financeiro que se está abatendo sobre o Estado, neste final de exercício e de mandato governamental”, destacou.

Rosalba Ciarlini afirmou que é ilegal o decreto assinado na última semana de gestão de Iberê Ferreira que antecipou de janeiro de 2011 para dezembro de 2010 o pagamento do ICMS da Petrobras, o que reduz a receita do primeiro mês de gestão dela em R$ 20 milhões.

“Nos últimos dias se acrescentaram fatos comprovados e indícios extremamente graves acerca da manipulação indevida e ilegal de recursos com destinação específica para fins diversos, ao completo arrepio das regras de execução orçamentária, da fiscalização financeira das contas públicas, e dos deveres impostos pelas leis federais de responsabilidade fiscal”, ressaltou.

Ela disse que, em nome da transparência, não admitirá “conchavos” em gabinetes. “Aproveito o episódio (de antecipar o ICMS para o Governo Iberê), entretanto, para dele tirar a primeira lição: no Rio Grande do Norte não vai mais haver conchavo secreto em gabinetes ocultos para prejudicar o povo. E um compromisso público: a transparência dos gastos do Governo será rotina”, completou a chefe do Executivo.

Ela disse que não permitirá que atos sejam tomados de formas escusas. “Iremos ao extremo na transparência, porque aceito o desafio: nada, rigorosamente nada teremos a ocultar ou esconder, e aceitaremos de bom grado as eventuais críticas às nossas opções administrativas, posto serem falíveis as escolhas humanas, mas, posso assegurar, nunca recenderão o odor podre do azinhavre do dinheiro público mal usado ou mal ganho”, comentou a chefe do Executivo.

No discurso da governadora, uma preocupação constante: reafirmar que Natal será sede da Copa do Mundo de 2014, mesmo com todo atraso do calendário. “No que depender do novo Governo a realização da Copa do Mundo em Natal será fato, pois todo esforço faremos para cumprir pontualmente as exigências dos organizadores, nada obstante os atrasos já verificados até hoje”, comentou.

Ela lembrou que há recursos disponíveis para as cidades sedes da Copa do Mundo de 2014. Por isso mesmo a necessidade da consolidação desse projeto em Natal. Esta premência de inovação no trato do turismo se torna aguda quando sabemos que instituições de crédito nacionais e internacionais têm recursos disponíveis para as cidades sede da Copa do Mundo de 2014.

Rosalba promete rever política salarial

A governadora Rosalba Ciarlini prometeu que irá rever a política salarial da administração. Os cargos comissionados serão remunerados, também, por metas de desempenho. Além disso, a governadora prometeu rever a “desigualdade” entre categorias.

“Quanto a este ponto, não posso deixar de registrar meu inconformismo diante das graves disparidades hoje existentes na política de remuneração do serviço público, quando categorias com a exigência da mesma qualificação profissional e acadêmica recebem até dez vezes menos que outras, só por terem estas maior poder de reivindicação e imposição”, ressaltou.

O tom político da governadora Rosalba Ciarlini ocorreu no momento em que ela nominou os aliados políticos da campanha de 2010. A governadora citou o vice-governador Robinson Faria, os senadores José Agripino e Garibaldi Filho. Ela citou os deputados federais Fabio Faria, Rogério Marinho, Betinho Rosado, Felipe Maia e Paulo Wagner como partícipes do trabalho.

“Foram centenas, milhares de lideranças regionais e municipais, até líderes de bairros os mais humildes, nem por isso menos representativos, que estiveram conosco, ajudando-nos a refletir para o maior número todas as esperanças que sentíamos aflorar aos borbotões em nossos cotidianos encontros com o povo. Eles todos, e entre eles especialmente os Prefeito e Vereadores que nos acompanharam na caminhada, eles todos são também arquitetos da vitória, e do apoio de todos não pode prescindir o novo Governo do novo Rio Grande do Norte”, disse Rosalba Ciarlini.

O vice-governador Robinson Faria foi citado apenas duas vezes no discurso. No início, quando ela nominou as autoridades, e depois quando elencou os que a apoiaram na campanha. A governadora Rosalba disse que não acredita em que a administração Dilma Rousseff discrimine o Estado do Rio Grande do Norte pelo fato do partido dela, o DEM, ser oposição ao PT.

“Este bom e profícuo relacionamento com o Governo Federal, no que depender da Governadora do Estado, será rotina constante. Nada afasta o Rio Grande do Norte da Presidenta Dilma Rousseff, pois não atinge o interesse público a eventual divergência de filiação partidária entre os governantes do momento”, frisou a governadora.

Governadora demonstra emoção ao falar da família

A última etapa do discurso de posse a governadora Rosalba Ciarlini dedicou à família. Ela citou, nominalmente, o marido Carlos Augusto,os filhos Marlos, Lorena, Carla e Cadu, o pai Clóvis e a mãe Conchecita, já falecida. “Meu querido pai, Clovis, cujo legado de honra busca preservar incondicionalmente à filha Governadora, junto à saudade sem fim nem trégua da mulher que me marcou vida e me moldou a alma, Conchecita, minha mãe”, disse Rosalba Ciarlini, durante o discurso de posse. Ao falar da mãe ela não conteve as lágrimas.

A governadora chegou para a posse faltando cinco minutos para o horário marcado. Acompanhada do marido e dos filhos ela concedeu entrevistas na chegada ao teatro e depois seguiu para a sala vip, onde foi cumprimentada pelas autoridades.

Para iniciar a solenidade de posse no Teatro Alberto Maranhão, presidida pela deputada estadual Márcia Maia (PSB), foram designados os deputados Gustavo Carvalho, Raimundo Fernandes, José Dias e Getúlio Rego para ir buscar a governadora e o vice-governador Robinson Faria.

A sessão da Assembleia Legislativa contou com a presença de 18 deputados da atual legislatura. Estiveram ausentes os deputados Wober Júnior, Álvaro Dias, Fernando Mineiro, Walter Alves, Nélter Queiroz e Luiz Almir.

bate-papo - » Aldair Rocha - delegado e futuro secretário

Número de homicídios é preocupante

O delegado da Polícia Federal, Aldair Rocha, é um dos dois secretários estaduais escolhidos por Rosalba Ciarlini que ainda não atuavam no Rio Grande do Norte. Depois de três anos como superintendente da Polícia Federal no Ceará, ele chega ao Estado demonstrando preocupação com o número de homicídios e destacando que as escolhas do comandante geral da Polícia Militar e do delegado geral da Polícia Civil não terão interferência política. Veja a entrevista que Aldair Rocha concedeu:

O senhor chega para gerir a segurança do Rio Grande do Norte com que prioridade?

O convite (para ser secretário) surgiu essa semana. Como vocês sabem, estou vindo do Ceará onde passei os últimos três anos. Estou me reunindo com algumas pessoas bem ligadas a área de Segurança aqui no Estado. Já estamos delimitando algumas prioridades que deveremos adotar com rapidez. São providências que devem ser feitas de imediata.

Que tipo de providência?

A redução do número de homicídios que é uma coisa muito importante. As outras coisas são mais administrativas de organização da própria Secretaria de Segurança Pública. E também temos indicações de nomes, que é fundamental você ter uma equipe que trabalhe alinhada com o secretário e com as orientações da nova governadora.

O senhor trará sua equipe do Ceará?

Não. Na verdade, algumas pessoas já são aqui do Estado do Rio Grande do Norte mesmo. Eu ainda estou conversando (com técnicos). Essas conversas deverão perdurar durante essa primeira semana. Mas a prioridade é essa. A gente vai ter que remodelar a própria estrutura da Secretaria, que foi uma coisa que eu vi que a gente precisa mexer. Enfim, a gente vai procurar dar prioridades que serão necessárias.

O senhor disse que se preocupa com o número de homicídios no Rio Grande do Norte. O que o senhor pretende fazer de imediato?

Eu estive conversando hoje com uma pessoa daqui, um homem ligado a segurança pública já há algum tempo, e ele me mostrou preocupação e essa não é só do Estado do Rio Grande do Norte. É um problema que assola todo país que são as drogas. E a consequência da droga encontramos o problema do homicídio, do roubo, do furto e por aí vai.

Principais trechos do discurso de posse

Expectativa popular

“Neste momento solene e de assunção de tantas e tão graves responsabilidades, não temo proclamar publicamente que meu primeiro sentimento é ainda de intensa reflexão interior, plena de questionamentos e perplexidades, por haver sido eu a escolhida.

Desde a memorável campanha do ano ontem findo, que culminou com a consagradora vitória de três de outubro, creiam-me os norte-riograndenses, esmaga-me a convicção de que, aplaudida, festejada e por fim escolhida, por trás do êxito, e suas alegrias, está oculta uma contida, mas extremamente forte e rica expectativa popular, a qual o Rio Grande do Norte, pela expressão de seu corpo eleitoral, resolveu confiar-me.

Desvendar estas expectativas, e, mais que isso, desvelar as razões do povo para confiá-las a mim, certamente tornará ostensiva a justa medida de minha escolha, e a causa política de estar hoje aqui, perante Vossas Excelências, Senhores Deputados e Senhoras Deputadas, para dizer: eis-me pronta para servir ao meu povo, nos limites mais extremos de minhas possibilidades humanas, como Governadora do Rio Grande do Norte”.

Dinheiro público

“Teremos por método o cuidado verdadeiramente obcecado por cada centavo do dinheiro do povo, teremos por critério a consciência arraigada de que é possível fazer muito mais, se diante dos olhos e perto das mãos só tivermos os interesses do povo, relegados decididamente quaisquer outros, e, assim, transformando em valor a nossa própria credibilidade”.

Compromisso

“Aqui estou, aguerrida e pronta para cumprir mais este compromisso: restaurar por dentro a prática administrativa do Rio Grande do Norte.

Nas contingências da Democracia que vivemos e praticamos, e à qual presto minha mais incondicional adesão, é preciso convocar forças e lideranças políticas para que, como passo fundamental e indispensável, venham colaborar na consecução de nossos propósitos, afiançando junto ao povo o valor de nossa credibilidade, a que há pouco me referi”.

Aliados

“Os líderes políticos que me deram seu muito prestigioso aval são, eles também, igual e solidariamente depositários da confiança do povo. A meu lado, na mesma percepção do renovado sentimento popular, o Vice-Governador Robinson Faria, fiel na luta e cúmplice de todas as nossas esperanças; os Senadores José Agripino e Garibaldi Filho puseram de lado riscos políticos e eleitorais, dando prova de desapego a interesses pessoais para acatar os sentidos anseios populares.

Os Deputados Federais Betinho Rosado, Fábio Faria, Felipe Maia, Paulo Wagner e Rogério Marinho foram igualmente sensíveis aos mesmos sentimentos populares, bem como os Deputados Estaduais da atual e da próxima Legislaturas, que conosco estiveram na luta, são credores da vitória, e serão, com certeza, partícipes da obra de restauração do Rio Grande do Norte que hoje iniciamos”.

Apelo às instituições

“Para tanto, convoco todas as lideranças políticas do Estado, os Poderes Legislativo e Judiciário, o Tribunal de Contas e o Ministério Público, os quais saúdo respeitosa e confiantemente, convoco a sociedade organizada, os sindicatos, os trabalhadores e empresários, para construirmos juntos uma Administração moderna, que não expõe nem na sua face visível, nem nos seus propósitos mais reservados, a cicatriz infamante de amarras a interesses subalternos, ou submissão a sentimentos ou acomodações pessoais”.

Dificuldades financeiras

“Na Legislatura que se vai iniciar a 1º de fevereiro, terei oportunidade de apresentar à Assembleia Legislativa a Mensagem determinada pela Constituição, sobre a situação do Estado.

Aqui e agora, porém, não posso deixar de registrar e compartilhar com a sociedade minha mais profunda e justificada preocupação sobre a desordem orçamentária e descontrole financeiro que se está abatendo sobre o Estado, neste final de exercício e de mandato governamental”.

“manipulação indevida”

“Aos levantamentos da Comissão de Transição, entretanto, nos últimos dias se acrescentaram fatos comprovados e indícios extremamente graves acerca da manipulação indevida e ilegal de recursos com destinação específica para fins diversos, ao completo arrepio das regras de execução orçamentária, da fiscalização financeira das contas públicas, e dos deveres impostos pelas leis federais de responsabilidade fiscal”.

Transparência

“Iniciaremos o novo Governo com a triste tarefa, que pensávamos coisa do passado, de verificar o dano causado à saúde financeira do Estado, com propósito de nocivo comprometimento da futura Administração. Será este, entretanto, o primeiro momento de mostrarmos a mais total transparência, informando à sociedade o prejuízo que lhe foi causado, e apontando-lhe todos os responsáveis.

Não nos desanima, porém, esta tarefa ingrata, da qual supúnhamos que um Governo legitimamente eleito pelo povo fosse poupado”.

Fim dos conchavos

“Aproveito o episódio, entretanto, para dele tirar a primeira lição: no Rio Grande do Norte não vai mais haver conchavo secreto em gabinetes ocultos para prejudicar o povo. E um compromisso público: a transparência dos gastos do Governo será rotina, e mais que rotina ela será total, plena, sem ardil nem artifício, e as contas públicas todas, todos os pagamentos com recursos do Estado muito em breve, logo que tecnicamente possível, pois a decisão política está tomada agora, estarão disponíveis na moderna ferramenta de controle social, a Internet”.

Busca de alianças

“São grandes as barreiras a transpor. A Governadora do Estado tem como tarefa inicial agregar aliados a seus esforços. É preciso modernizar também politicamente o nosso grande Rio Grande do Norte, dilacerado pela desunião inconseqüente e pela disputa partidária que extrapola os limites da boa prática democrática, deixando por rastro a marca infame e retrógrada de terra arrasada, e fazendo frutificarem práticas políticas obsoletas, atraso nos métodos administrativos, processos de decisão marcados pelo mofo do ultrapassado e do ineficaz”.

Disparidades salariais

“(...) Não posso deixar de registrar meu inconformismo diante das graves disparidades hoje existentes na política de remuneração do serviço público, quando categorias com a exigência da mesma qualificação profissional e acadêmica recebem até dez vezes menos que outras, só por terem estas maior poder de reivindicação e imposição.

Nos estritos limites das faculdades legais, empenharei esforço contínuo para afastar de nosso serviço público a injustiça de tamanha desigualdade”.

Saúde

“A saúde pública no Rio Grande do Norte clama por socorro e remédio. Como registrei no meu Plano de Governo, entregue à Justiça Eleitoral quando do registro de minha candidatura, a rede pública de saúde deve ser lugar de acolhimento, e não de rejeição. O cenário de desumanização da saúde não se harmoniza com o montante expressivo de recursos alocados ao Estado pelo Sistema Único de Saúde – SUS -, o que evidencia grave distorção gerencial de todo o aparato de saúde pública no Estado.

Governadora e médica, sei que contarei com a abnegação dos médicos e demais profissionais da saúde para a racionalização da gestão do sistema, dando-lhe a eficiência que pode gerar cada real disponível”.

Educação

“Quanto à educação, quadro não menos desolador. As avaliações do Ministério da Educação só nos deixam uma triste certeza: a educação pública no Rio Grande do Norte só não pode piorar.

Vamos devolver o aluno à sala de aula, e, não só, vamos devolvê-lo ao estudo, e para isso vamos convocar o magistério estadual para liderar um grande pacto, em que se vão envolver Governo, alunos, professores, familiares, toda a sociedade.

A liderança deste processo, como disse, será do magistério em todos os seus níveis, e a Governadora conhece o desalento dos professores estaduais, face ao crônico processo de descaso a que os Governos têm submetido a escola pública”.

Professores

“Aos professores estaduais, aos quais convoco desde já com insistência, quero especialmente reiterar que a sociedade, por sua manifestação eleitoral, atribuiu valor à credibilidade da Governadora que decidiu eleger. Esta credibilidade como valor, fruto de obstinada dedicação à causa pública por mais de vinte anos, empenho agora publicamente: a educação pública no Rio Grande do Norte vai superar seu próprio desafio, e dar o salto de qualidade que dela a sociedade espera”.

Cultura

O resgate da educação tem um instrumento de grande valia, qual seja a valorização de nosso patrimônio cultural e legado histórico. O incentivo à produção artística, em todas as suas formas, não será apenas o ensejo do justo e necessário laser para todos, mas especialmente o fomento da atividade criadora, com equipamentos adequados, cujo efeito multiplicador é de comprovada evidência.

Um esforço de ação na área da cultura não pode ficar em casas de tijolo e cal, mas sem alma, sem gente, sem artista: precisamos fazer arte e preservar cultura, e mais este desafio haveremos de enfrentar e vencer”.

Turismo

É preciso reposicionar o Rio Grande do Norte como destino turístico, e aqui, mas uma vez, temos de falar e pensar em resgatar, restaurar, refazer, inovar.

Esta premência de inovação no trato do turismo se torna aguda quando sabemos que instituições de crédito nacionais e internacionais têm recursos disponíveis para as cidades sede da Copa do Mundo de 2014.

Com toda urgência vamos convidar os empresários do setor, os hoteleiros e agentes de viagens, os trabalhadores que têm direto e diário contato com o turista, para definirmos estratégias e elegermos projetos para o salto de desenvolvimento do turismo no Rio Grande do Norte”.

Insegurança

“Falava há pouco de turismo, e logo nos assalta o temor da insegurança pública.

A governadora do Estado reconhece o esforço dos que trabalham na área de segurança do Estado, notadamente a Polícia Militar e a Polícia Civil. O aparato policial, todavia, precisa de meios, recursos, armas, homens. Não é possível prevenir o crime sem investimentos maciços em inteligência e contra inteligência, o que demanda pessoal altamente qualificado, e equipamentos de tecnologia de ponta, além de homens em número proporcional à população, conforme padrões internacionais, devidamente equipados para enfrentar e vencer a bandidagem violenta e arrogante.

No mesmo passo, não é possível combater o crime, e punir culpados, sem polícia judiciária dotada de homens e equipamentos de última geração, para domar a ousadia crescente dos que, marginais da lei, infernizam as famílias, os lares, os trabalhadores, o indefeso, o inocente”.

Erradicação da pobreza

“Tem-se dito, e não se pode negar alguma verdade ao argumento, que remédio para a segurança pública é erradicação da pobreza, oferta de emprego, trabalho e renda. O Estado não vai ficar alheio ao desafio de estimular novas e mais promissoras oportunidade de trabalho para jovens e adultos.

Alguns pontos podem ser desde já sumariados: ampliação e integração dos meios de transporte; oferta confiável de energia, inclusive gás natural ao interior, de forma a possibilitar a regionalização da atividade industrial; abastecimento de água, com aproveitamento dos grandes reservatórios e construção de outros, alguns, de suma importância, há muito adiados, e efetiva ampliação da rede de adutoras; esgotamento sanitário como absoluta prioridade, não só como exigência de saúde pública, mas também como imposição de preservação ambiental e atração de investimentos de produção econômica; formação profissional e qualificação técnica; racional política tributária de incentivos”.

Copa de 2014

“A propósito, e dentro desta vertente de raciocínio, no que depender do novo Governo a realização da Copa do Mundo em Natal será fato, pois todo esforço faremos para cumprir pontualmente as exigências dos organizadores, nada obstante os atrasos já verificados até hoje”.

Finanças públicas

“Malgrado as atuais e sérias dificuldades financeiras do Estado, agravadas dramática e publicamente nos últimos dias, uma gestão pautada pela responsabilidade e pela probidade dará como resultado, em curto prazo, a ordenação das contas e o saneamento financeiro do Tesouro.

Nossa prática administrativa será de racionalizar não só custos e despesas, mas até idéias e projetos, definindo o que for prioritário, para termos um estoque de iniciativas, prontas a serem deflagradas quando surgirem oportunidades de financiamentos. Para isso, a inteligência do Rio Grande do Norte terá de estar disponível, e nossas instituições universitárias e de pesquisa, públicas e privadas, serão chamadas a colaborar intensamente”.

Relação com Dilma

Nada afasta o Rio Grande do Norte da presidenta Dilma Rousseff, pois não atinge o interesse público a eventual divergência de filiação partidária entre os governantes do momento.

E porque assim pensa a Governadora, confia plenamente que o Estado haverá de contar com a especial atenção da Presidenta da República hoje também empossada, a quem o Rio Grande Norte manifesta seu respeito e a expressão de sua justificada confiança”.

Unidade

Anuncio o propósito de união, não a união covarde dos que temem lutar, mas a união verdadeira, forças somadas dos que do passado só colhem o melhor, deixam no olvido do tempo divisões, intrigas, conflitos gratuitos e estéreis, e se arremetem corajosamente para o futuro de resgate, restauração e progresso do Rio Grande do Norte”.

“Chega do Estado de preguiça”

Maria da Guia Dantas - repórter

Após ser empossada e receber a transmissão do cargo das mãos do ex-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB), a governadora Rosalba Ciarlini subiu no palanque e fez um discurso enérgico de críticas ao governo encabeçado pelo PSB. Para uma platéia de novos auxiliares, correligionários e eleitores utilizou-se de frases como “chega do Estado de preguiça e do governo mendigo que deixaram o RN sem obras e investimentos”; “vencemos as primeiras e grandes baixarias dos perdedores”; “é inadmissível que enquanto estados avancem o RN fique para trás”; e “Rio Grande do Norte chegou a símbolo da inoperância”. O discurso foi feito em frente ao Palácio da Cultura,  protocolarmente conhecido como sendo o primeiro direcionado “ao povo”. A governadora disse que uma das metas é reconstruir as finanças, segundo ela, “em um completo desequilíbrio face a postura antirrepublicana dos que deveriam zelar pelo que é do povo”.

Ao falar de temas administrativos tratou como prioritárias ações que serão feitas em áreas como Segurança, Educação e Saúde. Ela ressaltou ainda as intervenções que pretende realizar nos três setores e disse que considera precárias a situação do Rio Grande do Norte no que diz respeito ao ensino público, ao cotidiano dos hospitais e à violência que assola os potiguares. Rosalba Ciarlini fez um discurso de fala alta, gestos firmes e agradecimento. Tratou o senador José Agripino Maia (DEM) como  comandante da bancada federal; mencionou os parlamentares aliados no Congresso Nacional nominalmente; fez referência ao seu sucessor no Senado, Garibaldi Alves; e disse que quer ajuda e parceria. A governadora fez ainda uma referência especial ao vice-governador, Robinson Faria (PMN), que esteve todo o período da cerimônia ao seu lado, e também ao ministro da Previdência Garibaldi Alves Filho (PMDB).

Ao tocar no campo da esfera federal,  afirmou esperar uma postura republicana da presidenta  Dilma Rousseff (PT), e lembrou que não será favor caso o Palácio do Planalto não tenha qualquer espécie de discriminação com o Rio Grande do Norte em virtude de serem ambas adversárias no campo político. Rosalba Ciarlini é do DEM considerado o principal algoz do PT, da presidenta.

No período que antecedeu o discurso da governadora foi reservado um momento para o ex-governador Iberê Ferreira. Ele chegou ao local acompanhado de parte considerável dos auxiliares de primeiro escalão, conversou com a imprensa e desejou sucesso e sorte à nova comandante do Poder Executivo. Iberê e Rosalba foram discretos no momento da  passagem do cargo e foram pouco aplaudidos.

Ao saudar a população, na sacada do Palácio da Cultura, a governadora ouviu a cantora Khrystal entoar um coco com a música “Rosa que te quero Rosa”, um dos símbolos da campanha. Rosalba chegou a ensaiar dançar o coco interpretado pela cantora potiguar. “Não esperem de mim mais do que eu sou”, disse durante o discurso.

Populares reagem ao primeiro discurso

A população que aguardava o primeiro discurso público da governadora Rosalba Ciarlini, no Palácio da Cultura, já faz uma leitura das perspectivas do novo governo. A dona de casa Maria Nalva do Nascimento, afirmou que espera com otimismo as ações no novo comando do Estado e aguarda “ajuda para a capital”.  “Eu queria que ela ajudasse a tirar Natal dessa situação de penúria. A situação está difícil e é preciso que alguém olhe por nós”, assinalou. Para o ator Paulo Lima, a classe artística espera uma maior sensibilidade para a cultura e que seja dado um incentivo à classe consideravelmente superior ao que vem sendo visualizado nos últimos anos. “Que ela esqueça um pouco da ‘nata’ e olhe mais por nós que estamos no centro”, observou.

Em virtude da propagação via imprensa de uma delicada situação nas finanças do Estado, a população também demonstra preocupação quanto ao pagamento dos salários do funcionalismo, aos investimentos em novas e necessárias obras e ao olhar social e educativo. O funcionário público Kleber Morais, destacou a necessidade de a população “ter paciência no primeiro ano de governo”. Ele destacou que vai ser necessário muito trabalho para tornar o Rio Grande do Norte um potencial estado em diversas áreas. “Ela vai ter que construir o Estado, que está quebrado. Mas eu tenho certeza de que ela está preparada para isso”, disse otimista.

Iberê Ferreira diz não temer Lei Fiscal

O ex-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) falou com a TRIBUNA DO NORTE antes de transmitir o cargo a atual governadora, Rosalba Ciarlini. Segundo ele, haverá restos a pagar [dívidas remanescentes de uma gestão] para o atual comando do Poder Executivo, no entanto, o total de débitos está dentro do que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Os restos a pagar são referentes ao pagamento de extratos do mês de dezembro e que, necessariamente, só seriam pagos em janeiro”. O peessebista assinalou que as dívidas a serem herdadas por Rosalba Ciarlini não refletem os quase R$ 900 milhões, total de débito referente ao exercício financeiro de 2010, segundo a equipe de transição do atual governo.

“Não temo a LRF porque deixei tudo de acordo com suas diretrizes e sei que não responderei a qualquer processo por Improbidade Administrativa”, disse ainda Iberê. Para que não haja qualquer impasse quanto às regras da Lei de Responsabilidade Fiscal, o ex-governador deve deixar em “caixa” todos os recursos para pagamento dos débitos de sua gestão.

Indagado acerca de uma marca dos seus nove meses de administração, o ex-governador destacou as ações na área de Segurança como as mais consistentes da gestão peessebista. Ele respondeu com ironia sobre as críticas que vem recebendo da governadora Rosalba Ciarlini, que aponta um “completo descompasso financeiro e orçamentário no Estado”. “Cada um tem seu estilo. Eu não falo mal de ninguém, inclusive fiz questão de vir entregar a faixa. Mas ela tem o jeito dela”, destacou.

Funcionários aproveitam posse para protestar

Alguns funcionários do Movimento de Integração e Orientação Social (Meios) realizaram um protesto durante a posse de Rosalba Ciarlini. Empunhando faixas e cartazes, pediram à governadora apoio para manter o trabalho da organização, que segundo eles emprega quase 2 mil pessoas em todo o estado.

A gestão anterior repassou à Prefeitura de Natal 18 creches gerenciadas pelos funcionários do Meios na capital e agora os servidores ligados à ONG não sabem se terão espaço no novo governo. Segundo os manifestantes, parte dos integrantes do Meios não receberam os salários de novembro e dezembro, nem mesmo o 13º.

Movimentação

Ao todo, aproximadamente 200 pessoas acompanharam a solenidade de posse na praça Augusto Severo, na Ribeira, do lado de fora do Teatro Alberto Maranhão. A orquestra de Goianinha tocou para o público presente, que pôde assistir ao que ocorria dentro do TAM através de um telão com imagens da TV Assembleia.

Após deixar o teatro, Rosalba Ciarlini passou em revista às tropas da Polícia Militar, que estavam formadas ao lado do prédio do Museu de Cultura Popular, antiga rodoviária da Ribeira. Só então, por volta das 20h, ela subiu no carro aberto que a levou até a Cidade Alta, acompanhada por militantes com bandeiras e ao som da música de campanha.