Gilberto Kassab descarta fusão com PSB e PMDB
São Paulo (AE) - O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, descartou a possibilidade de que seu novo partido, o PSD, lançado ontem, caminhe para uma fusão com PSB ou PMDB. “Não faremos fusão”, garantiu. “Fomos convidados por duas legendas respeitáveis, o PMDB e o PSB, e definimos nas últimas semanas que o partido caminhará com suas próprias pernas nas eleições municipais do ano que vem, coligado ou com candidatura própria”, afirmou o prefeito, que só ontem se desligou oficialmente das suas funções partidárias do DEM, onde era presidente do diretório regional paulista.
Kassab atribuiu sua decisão de deixar do DEM e criar o PSD à discordância da atuação do partido como oposição e disse que sua aproximação com o governo da presidenta Dilma Rousseff nos últimos meses tornou insustentável sua permanência no DEM. “Essa aproximação existe e essa é a razão para minha saída do DEM”, afirmou. “Me sinto desconfortável num partido que quer votar sempre contra porque é contra. Acima dos partidos existem os interesses do País.”
Líder da nova legenda, Kassab afirmou que pretende criar grupos de discussão nos Estados, entre eles Goiás, Tocantins, Roraima, Minas Gerais e Rio de Janeiro, para a montagem de diretórios regionais. “Aqueles que estão no DEM e em outros partidos estão no direito de se filiar ao PSD”, convidou.
O prefeito disse que, em São Paulo, já convidou três aliados para analisar a possibilidade de concorrer à sua sucessão: o vice-governador Guilherme Afif Domingos, o secretário municipal de Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, e o ex-secretário estadual de Planejamento Francisco Luna. Segundo Kassab, os três disseram que não têm disposição de se candidatar no ano que vem, mas ele pretende insistir no convite. “Vou trabalhar para que um deles aceite esta missão”, afirmou.
Questionado sobre suas relações com o ex-governador José Serra e com o PSDB paulista, Kassab disse que, mesmo mudando de partido, manterá uma aliança “sólida e firme” com o tucano. “Minhas relações com o José Serra são inquebráveis, onde ele estiver estarei ao seu lado”, destacou.
Kassab lembrou que votou em Serra nas eleições de outubro, mas como Dilma venceu ele agora “torce pelo sucesso” da presidenta. “Estaremos ao lado do governo federal em relação aos projetos que acreditamos serem o melhor para o País e estaremos contra os projetos que não acreditamos serem o melhor para o País”, afirmou.
DEM deflagra retaliação contra dissidentes
O comando nacional do Democratas deflagrou ontem o processo de expurgo dos políticos que anunciaram a disposição de trocar o partido pelo PSD (Partido Social Democrático), liderado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A primeira medida será destituir a direção do partido em São Paulo, que tem o próprio Kassab como presidente. Como ele ainda não se desfiliou oficialmente do DEM, a ideia é acabar imediatamente com sua participação no diretório de São Paulo e cessar sua influência sobre o diretório local.
Ontem, Kassab enviou para o Democratas apenas um documento por fax onde pede o afastamento da Presidência dos diretórios estadual e municipal de São Paulo. Mas não sacramenta o desligamento legal da legenda. Assim, embora já tenha realizado dois atos públicos de lançamento do PSD, para todos os efeitos, continua filiado.
Kassab hesita em dar esse passo final enquanto o PSD não formaliza sua criação, porque poderia ter seu mandato de prefeito contestado judicialmente por integrantes do Democratas, com base na Lei da Fideldade Partidária.